Estudos relacionados

 

1. Padrão sazonal de hospitalizações devido a úlceras pépticas: análise dos dados hospitalares da região Emília-Romana, em Itália.

Nota: estudos anteriores revelaram haver uma variação sazonal da úlcera péptica, contudo estes estudos foram de baixa escala.

Método: para verificar a existência de uma variação sazonal de casos de úlcera péptica, os quais requereram hospitalização, foram analisados os dados de entradas hospitalares na zona Emilia-Romana, na Itália, obtidos no Centro de Estatística da Saúde, entre Janeiro de 1998 e Dezembro de 2005. As hospitalizações foram categorizadas Segundo sexo, idade (<65, 65-74, > ou  = 75 anos), o tipo de úlcera péptica (estomacal ou duodenal), o tipo de complicação ( hemorragia ou perfuração) e o resultado da hospitalização ( morte ou sobrevivência do paciente).  Os padrões temporais de hospitalizações devido a úlcera péptica foram processados de duas formas, segundo o número de hospitalizações por mês e temporada e segundo a proporção de prevalência, dada pela divisão da prevalência mensal de internamentos, resultado de úlceras pépticas, pela prevalência mensal de internamentos totais, para avaliar se os padrões temporais dos dados em bruto podem ser consequência de variações sazonais e anuais das internamentos hospitalares por si na região. Para realizar a análise estatística, utilizaram se o teste de bondade do Qui Quadrado e o método de Cosinor e Fourier.

 

Resultados: Foram analisados 26848 pacientes, dos quais 16795 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 16 e os 65 anos, e 10053 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 15 e 72 anos, p<0.001. Registaram-se mais casos de úlcera duodenal, 89,8%, do que de úlcera gástrica e registaram-se 4,8% de mortes, resultado de internamentos. A informação hospitalar analisada, mostrou haver diferença estatística na proporção de úlceras duodenais ou gástricas encontradas, nas diferentes estações do ano. Assim, a proporção mais baixa regista-se no Verão (23,3%, p<0.001), valor verificado no total dos casos analisados e subgrupos. Análises cronobiológicas, identificaram três picos de maiores taxas de hospitalizações devido a úlceras pépticas, entre Setembro-Outubro, Janeiro-Fevereiro e Abril-Maio, facto este verificado em toda a amostra (p=0.035). Por último, uma análise da taxa de prevalência mensal mostrou um padrão bifásico significativo (p=0.025), com um pico principal entre Agosto-Setembro-Outubro e um pico secundário entre Janeiro e Fevereiro.

 

Conclusão: Observou-se uma variação nas hospitalizações devido a úlceras pépticas, caracterizada por três picos de maior incidência, registados no Outono, Inverno e Primavera. Quando analisada correctamente, a informação de hospitalizações mensais indica que há períodos de maior risco, nomeadamente entre o fim do Verão e o Outono e no Inverno. Os mecanismos pato-fisiológicos por detrás deste facto são desconhecidos, sendo necessários mais estudos para conclusões futuras. Para diminuir o risco de hospitalização, durante certas alturas do ano, pode-se recorrer a fármacos protectores, com papel preventivo.

 

2. Frequência e factores de risco das úlceras gástricas e duodenais ou erosões nas crianças: um estudo prospectivo de um mês na Europa.

Kalach N, Bontems P, Koletzko S, Mourad-Baars P, Shcherbakov P, Celinska-Cedro D, Iwanczak B, Gottrand F, Martinez-Gomez MJ, Pehlivanoglu E, Oderda G, Urruzuno P, Casswall T, Lamireau T, Sykora J, Roma-Giannikou E, Veres G, Wewer V, Chong S, Charkaluk ML, Mégraud F, Cadranel S.

Saint Vincent de Paul Hospital, Clinic of Pediatrics St Antoine, Catholic University, Lille, France.

Nota: Não é conhecida a frequência de úlceras, durante a infância, na Europa. A frequência foi analisada e os factores de risco conhecidos analisados.

Pacientes e método: Úlceras, erosões, indicações e os factores de risco foram registados em todas as crianças submetidas a uma endoscopia do sistema digestivo superior, num estudo prospectivo, decorrido num mês, em 19 centros em simultâneo, por 14 países da Europa.

 

Resultados: úlceras ou erosões foram observadas em 56 das 694 crianças em estudo. As crianças com úlceras ou erosões eram significativamente mais velhas do que aquelas que não apresentavam qualquer lesão (10.3+/-5.5 vs. 8.1+/-5.7 anos, P=0.002). Infecção com H.pylori estava presente em 15 de 56 crianças (27%), oito das quais consumiram NSAID’S, cinco esteróides, drogas imuno-supressivas foram usadas noutras cinco, antibióticos em seis crianças, antiácidos em apenas uma, H2-bloqueadores em seis crianças e inibidores de protões em oito crianças ( mais do que um factor de risco estava presente em 32 das 56 crianças). Nenhum factor de risco foi observado em 24 das 56 crianças (43%). As principais indicações para a realização de uma endoscopia eram dor epigástrica ou abdominal (24%) e suposição de refluxo gastro-esofágico (15%). De igual modo, a sensibilidade epigástrica, hematemeses, melenas e estagnação do peso estão associados com úlceras e erosões, contudo, o sexo, infecção H.pylori, factores socioeconómicos e estilo de vida estavam equitativamente distribuídos.

Conclusão: mesmo sendo limitado pela curta duração e heterogeneidade dos pacientes, incluídos num total de 19 centros europeus, este estudo demonstra uma frequência de 8.1% de úlceras e/ou erosões em crianças, ocorrendo principalmente na segunda década de vida. Infecção H.pylori e medicação gastrotóxica estavam menos envolvidas do que o esperado.

 

E para quem quer saber mais...

Terapêutica com inibidores de bombas de protões.pdf (1,1 MB)

Comparação entre o Omeprazole e a Cimetidina no tratamento da Úlcera Duodenal.pdf (252,8 kB)

Prevalência e incidência de úlceras gastroduodenais durante tratamentos com doses vasculares protectoras de aspirina.pdf (101,3 kB)

Tratamento da úlcera duodenal com Furazolidone (antibiótico) na China após descoberta a sua associação com a bactéria Helicobacter pylori.pdf (375,7 kB)